Um dia, no Sistema Solar, a terra começou a tossir:"cof, cof... cof...
O Sol, ainda sonolento, acordou apavorado. O susto foi tão grande, que ele começou a gaguejar:
- O-o-o-q-que-que-fo-fo-foi, Terra?
A Terra, com a cara abatida, respirava com dificuldade.
- O que foi, Terra? - tornou a perguntar o Sol.
- Estou a cada dia pior! Ontem, passei mal o dia todo! - e enquanto falava, olhava bem para o Sol, para ver se ele estava mesmo compreendendo ou se estava achando aquilo "coisa de mulher".
Bastante assustado, porém, o Sol correu a buscar um xarope. A Terra, ao ver o remédio, deu uma torcidinha na montanha que lhe servia de nariz:
- Não, obrigada! Xarope não cura a minha doença, não!
O Sol, já meio bravo com tantos chiliques da terra, perguntou com voz grave e enfezada:
- O que pode curar você, então?
- Cof, cof...cof...Os homens, só os homens! - respondeu a Terra, sofrida.
- Por que os homens? - perguntou o Sol, curioso.
_ Cof, cof...cof... Porque são eles os culpados. Dê uma espiadinha para ver como eles poluem tudo, destroem tudo, acabam com tudo.
O Sol deu uma olhadinha para baixo e não gostou nem um pouquinho do que viu.
No Amazonas, os homens cortavam a dona Verdinha, uma castanheira com mais de cem anos de idade. No Pantanal, caçavam os animais para vender a pele, o couro.
Nos rios, os homens jogavam lixo, latas de venenos, matando os peixes, poluindo toda a água.
Nas cidades grandes, as fábricas e os carros soltavam no ar fumaças pretas que acabavam com os pulmões de toda gente.
- Para você ter ideia, disse a Terra, muitas crianças já estão nascendo com problemas de respiração. E os adultos, ah, não há pulmão que aguente! Cof...Cof...Cof...
Quando o Sol terminou de ver tudo isso, escondeu disfarçadamente o vidrinho de xarope, compreendendo, afinal,, que a Terra tinha razão...
O remédio para a doença da Terra não podia ser comprado em nenhuma farmácia. O remédio para a doença da Terra chamava-se AMOR E RESPEITO À NATUREZA, e isso era coisa que só podia ser encontrada no coração das pessoas.
Autora: Maria Aparecida Pinceratti
Ed. Arco-íris - 1992